segunda-feira, 15 de setembro de 2008

[seu corpo fora quente]

abracei cada audácia em sua carne
redobrei em carícias seus cuidados

[seu corpo fora quente]

trafeguei por seu corpo
seu cheiro é doce

[seu corpo fora quente]

a noite não deitara
o sono fora eterno

[seu corpo fora quente]

seus olhos queimavam
eu me entregava

[seu corpo fora quente]

penetrei em busca de seus mistérios
sua forma fêmea sem adultério

[seu corpo fora quente]

no calor de seus lábios em veludo
enrregelei-me de pleno ardor

[seu corpo fora quente]

era doce... era doce... era doce...
embebido em inocente torpor

[seu corpo fora quente]

o tempo congelado
as horas passavam

[seu corpo fora quente]

[seu corpo fora quente]

[seu corpo fora quente]

[seu corpo fora quente]

[seu corpo fora quente]

meu corpo está frio...

ESTOU...

por favor
alguém que me escute
(não se ouvem vozes)

estou inerte, meu braço inerte
alguém que me escute
(não se ouvem passos)

estou inerte
meu braço inerte

quem está neste vazio?
seu corpo está esguio
(não sinto o frio que me corre)

onde estão as vozes que não escuto?
estou inerte
regaço inerte

por favor seu peito é doce
minha noite adormece
desejo a carne que me cobre

por quê não me escutam...
se fossem pardais em ventania,
mas não, são muito menos,
por quê, então, não me escutam,
por quê não escutam...

as árvores estão frouxas
estou inerte
meu peito inerte
(por favor, eu peço)

a noite está só
apenas me escutem
seu peito é doce

por quê me deixam tão só
apenas quero um beijo
porquê me deixas só
(suas vozes não se houvem)

será o vento passado
que range em minhas janelas
perscruta meus lençois
ou que simplesmente não me ouve?
(seus passos inexistentes são frágeis)

estou inerte
abraço inerte
colapso inerente incoerente inconsolável incontestável inocente
inerte
colapso
inerte
estou inerte
lucidez inerte
eu não estou

onde caminho?
estou inerte