domingo, 31 de agosto de 2008

espero deitado as nuvens que ainda virão
a tormenta que ainda virá
a noite que ainda virará
as lágrimas que ainda cairão
a música que ainda tocará
o corpo que ainda deitará
as preces que ainda dirá
o beijo que ainda querá
o abraço que ainda ficará
o tempo que não mudará
a saudade que deixará
espero deitado o pesadelo que ainda virá
os sonhos que dormirão
o leito que tremerá
o dia que morrerá
o balaustre que rondará
a casa que ruirá
espero deitado na esperança muda e surda
no desejo louco e intransigente
de que o futuro não passe de um vasto pesadelo
que de meu futuro se faça apenas meu presente agora...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

...doces lágrimas/palavras.

Decidira: procuraria de novo esse rancor, meu EGO em flor. Penetraria novamente na dor desse ardor, sem o qual eu já não sabia mais transcrever minhas angustias belas doces tristes amargas; doiam-me os dedos! preferia assim, esfolar novamente meu coração, a terminar em silêncio minhas páginas ardentes, calor em sucessão. Descobria assim: amava este estado *flor em deplorável agonia*. Era ele que preenchia minhas brancas linhas, traçava histórias, contava minha carne em seu desvelado jeito... fria, crua, monstro que deMONSTRO. Tentara novamente...
Com tão misteriosa beleza a via. Era nova, esguia, misteriosamente bela... Observava seus trejeitos, linhas, traços, esboços. Desenhava seu jeito em palavras mudas. Ouvia seu hábil ser, em palavras impressas, na imensidão das telas em branco... rasuras minhas em transição... Ao mesmo tempo que a via distante, procurava seu segredo. Já não dormitava só [enleios que me envolvem]...

Era frágil estúpida covarde... Sou inútil em conserva. Assim naveguei por noites em desespero. Silenciava seus olhos. Afogava seu peito. Enforcava suas carícias jamais proferidas. Entregava-lhe o beijo de mentira...
Denunciavam-me como detentor de sua ruina. Aquelas palavras por muito tempo iriam arranhar meus ouvidos, doer meus passos, calar meu peito. Deixara de denunciar em total palavra meu verdadeiro sentir. Camuflava em páginas em cristal meu pulso - apaixonado... *???- sentia um latejar diferente. Em momentos diferentes. Via então um novo rosto. Não compreendi o porque, também não saberia dizer se era bom ou ruim, se gostava ou odiava; sei somente que o via.

Qual cego em tiroteio bailava em silêncio. Não denunciava mais meu peito.Escondia meus olhos. Desviava com meu jeito; um medo invadia meu pensar, seguido por absurdo pesar... não conhecia aquele estranho enleio.
Encontreia [verdade que tão calculadamente, a ponto de não me fazer perceber]. Fui inocente. Sincero. Deixei-me envolver. Gostava, 'não evitava'. Contudo, 'evitava', não podia: enfrentaria o oráculo. Em pequenos e breves traços do dia eu a via. Procurei por sua mente, sua linguagem, por seu trabalho... Inventei histórias, procurava motivos, dançava devaneios, escrevia linhas, ou simplesmente precisava caminhar... Nada mais era do que para voltar a sentir esse estranho pulsar em meu peito, que dominava meu pensar, meu ser...

Encontrei-me então a rabiscar palavras sem receio. Decidira-me, confessaria sem temer, mas no entanto, sem mostrar. Era óbvio, como também dúbio. Medo de cair em poço findo: prefiro descer em brumas a estatelar meu peito em sólido nevoeiro. Na verdade, não decidira nada: quando dei por mim eu já estava em últimas estrofes. *podia-se dizer que apaixonado; pelo quê? como? não me pergunte... Também não sabia, mas não questionava, gostava, queria...
Sim, eu passei a procurar...

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segunda-feira, 4 de agosto de 2008

...pastava em seus trejeitos/rejeitos. Sabia o gosto amargo daquele rosto, contudo viva na perfídia de quem perde e ainda joga. Meu ego gritava por clemência - fazia que não ouvia, mesmo sabendo-lhe detentor da razão. Fora fraco, rastejara: qual verme inútil. Sim, eu havia bradado, a isca havia sido solta, e pelas suas goelas tagarelas, meu manifesto confesso fora exposto. Percebi pelo rosto da aurora seguinte, haviam de lancar-me olhares extranhos, por vezes inoportunos; sabiam, já não havia mais segredo, medo... já não havia mais nada. Vira seus olhos, encontrara o vazio que por tanto perseguira. Ria-me então de minha própria loucura: nadara em águas secas. O vazio que prosseguiu era-me no entanto deveras extranho. Desacostumara meu peito a viver em alívio, asfixiava por agonia, dor, mentira. Procura a melancolia que outrora chorara, e que nesse momento me faltava. Era novo, não gostava. Já não sabia viver em brumas limpas, buscava o rancor da procura.
Encontrei-a então, tão simples, inocente... sim, esse fora eu, não ela... Aliviava-me no entanto; não sabia bem o porquê, nem o como, mas era bom, na verdade, eu ainda não sabia... Procurava seus caminhos, sem ao menos perceber, declarava derradeiro destino, sem ao menos recitar... na verdade, confessava-lhe meu pântano adornado em...

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domingo, 3 de agosto de 2008

Convidei-a em minha ausência. Sentia rapidamente o torpor dominar meu corpo, trair meu casto desejo. Dominado por palavras, imagens, afagos estranhos mas calorosos [as cordas pareciam se disolver]. Prosseguia inconscientemente abobalhado. Beijava o asfalto passado, saboreava as mágoas perdidas. Contava os segredos aos fantamas de meus pulsos. Era um, sou vários, dor em aquário. Olvidei no entanto essa flor. Hibernei meu ardor. Procurei então o rasgo que sabiamente me arrastava, e estupidamente eu delineava, moldava, sondava. Eram mentiras supérfluas, ego na triste transição, vida em transmutação do ser. Não procurava, desejava, coletava, rasgava, mordia, ronronava, resmungava, chorava, ODIAVA: EGO NA TRISTE TRANSIÇÃO.
Sabia qual meu prosseguir, sabia qual meu doer, sabia qual meu sucumbir, sabia... Bradei então aos otários, confessei ao estúpidos, sabia contudo o reflexo de meu rascunho. Ecoava pelas salas, cobria as noites, maldizia as verdades.
Contava a elas o segredo: ...

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sábado, 2 de agosto de 2008

Continuei sem sentido; acabara por promulgar inocentes palavras, perdidas no vazio da solidão. Lastimava a ânsia que incontrolável despertara. Rabiscava novos passados, desenhava outros olhos. Meu ego suicida acanhava-se com a sua vista, recolhia meus braços, perguntava sem ao menos lhe dizer; ela não escutava, afinal, eram palavras mudas que languidamente parecem cristalizar-se no olhar passado. Desistira. Não se via fim, muito menos começo. Não havia trilha, não sentia nada, apenas o vazio dos campos em algodão. Os quais pastava saboreando a amargura de minhas mãos vazias... Passei a dormitar na relva de meus sonhos. Escutava somente o piar das vacas, o grito das formigas, o mugido dos pássaros, o brilho das estrelas, o estouro da minha ausência. Cavava minha cova, em constante alegria/loucura, era o destino de meu lacrimejado ser... Chorei os prazeres que não viriam, sobrevivia sem ao menos pestanejar a procura de meu leito. Atravessei os rios que desnudavam meu peito, os quais por esse mesmo motivo eu evitava observar/absorver. Saltava sem transparecer. Por fim, em noite de névoas, beijos lembrados, abraços sentidos, frio em triste torpor, eu destinei a noite àquele sorriso que outrora conhecera, talvez tivera; destinei sem saber bem o porque, muito menos para quê.
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Assim transcorreu essa noite em meu recosto de pedras partidas, mas que no entanto me davam a impressão de estarem simplesmente feridas. A noite fora muda.


Por trechos o seu silêncio seguiu, no entanto, eu não calei, prossegui... Fora aflito, estava morbido...

Acordara no dia próspero, até que...


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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Alguns arriscam dizer que estamos fadados ao destino, outros, que somos nos que fazemos nosso próprio destino. Confesso-vos no entanto, que a cada aurora que contemplo acredito mais e mais que não fui fadado, nem que também fi-lo mas que o fizeram por mim. Vejo que meus passos não eram tão sem propósito, ou melhor, a estrada que vinha pela frente, não era em vão, muito menos aleatória. Pode-se pensar até que era docemente posta à minha passagem para que inocente e dócil eu trilhasse.
Quem o faria? Não sei ao certo. Poderia responsabilizar entidades, criar deuses, acusar visões... Prefiro deixá-la quieta, sem correr o risco de "acusá-la" de tão belo propósito, ou ao menos é isto que me parece, como também sinto.
As marcas a tempo haviam sido deixadas, os olhares uma vez contemplados, obviamente ficaram marcados, pelos sulcos na bruma da alma. Descubro que aquelas noites não haviam sido em vão, como também já estava "alegremente fadado" ao sono de seu beijo. Confesso no entanto: agradeço a falta dos hipócritas, ao miado dos asnos, ao grito dos patetas, idiota em sacro. O resquício que mantenho, no entanto, não é em vão... Talvez inútl, mas não vão. Guardo o casto canino a estrépida jugular de um covarde. E pior, traspassa a noite de meus olhos, flecha em feltro... Em chuva hei de devolver.
Mas prossigo nos rastros que vou deixando, sabem que não cairá, sabem que não cairía, eu não sabia. O próposito perdido, na moldura de um luar.
Arrependia-me vagamente, pelo silêncio auscultado em meu sorriso. A carícia perfídia, a qual, por vezes sonhei ter retirado... Sono vão... Perdido no vazio das palavras... Olvidado nas areias do destino...
em prómixo instante prossigo....
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