domingo, 28 de dezembro de 2008

Portas vazias

A porta se abre
o tiro adentra

o risco que fica
noite passada

as balas perdidas
os beijos retidos

desejo inconsciente
gozo inconsequente

entre os suburbios do jardim
colho as flores olvidadas
(amor sem pétalas)

as portas que não se abrem
a porta do vazio que se segue...





noite fria...

sábado, 27 de dezembro de 2008

Estou

o tiro que vem do estômago vazio
as palvras que usurparam meu trono vazio
as mentiras que disse sem saliva
os potros cozidos para a meia noite sem ceia
- mesa vazia

as partes que se desfazem
o duo em grito colérico
resultado imprópio
motim a mim mesmo

será que fomos feitos:
de argila e cinzas
de lágrimas e peitos ocos
mentira e desavenças?

nos mostrem o caminho que uma vez eu vi
o caminho que uma vez eu senti meus pés trilharem
onde estão as tardes que nunca mais vivi

disturbio consciente da verdade inconsequente
esboço colérico
de um plágio sem ti

não sou, estou...

gritos no silêncio

as mudas do silêncio me perseguem no vazio altuado pelo teu calar
espero por tuas palavras - me deparo com o louco vazio da espera iludida
o sons são etéreos, as palavras meras reticências de um velho dicionário
o espaço que se cria entre teus lábios ausentes (conscientemente)
e as ranhuras perdidas no pulso friamente dilacerado - cortes de um passado morto


"por favor que me cortem as asas feridas,
a dor é grande, as lágrimas são várias/áridas,
o sangue que não tenho me deixa... por favor não me deixe morrer,
POR FAVOR NÃO NOS DEIXE MORRER"

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Noite de rosas

alva em seu salto
domina o espaço ao redor
eterniza seu esplendor
enlouquece seu inocente apreciador



suas faces dominam o espaço calado
sem palavra ou comando
faço-me ao seu encanto


esguia,
cativa os estreitos labirintos
criados entre o delírio do extase
e o medo eufórico ocupado entre a cama e a porta


imagem intensa
que abocanha maliciosamente minha vontade
entre a doce louca escolha do delírio e a inocência



o roce macio...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

o desfiladeiro entre os estorvos cinzentos de uma noite
o recado inusitado ao despertar
as lembranças acessas no roçar do espaço vazio ao meu lado
o tempo que fugiu de meu relógio
as cartas guardadas sob a poeira do silêncio
as flores secas entre as páginas marcadas
as noites guardas em futuro eterno/distante
os sinos badalam a última dança
solitária, inocente, ingênua: entregue
sem tremores, apenas a última lágrima de vida
os últimos esforços de um sorriso morto
os olhos desbotados na escuridão



"pequeno desfiladeiro de prazeres..."

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Pequenas agruras

o grito afogado nas mágoas
o beijo calejado inundado no silêncio

a vontade de estar só
esquecer a existência de tudo ao meu redor
- um momento para mim

sinto o flagelo
o frio
a ausência

onde está o calor que um dia senti ao tocar teu rosto
onde estão as flores que um colhi em teu sorriso?

onde estão?

onde estão?

onde estás...


os soluços perdem-se no vazio de teu abraço ausente
as lágrimas caem frias como a chama apagada

"rosas sem pétalas enfeitam meu canteiro..."


agruras de uma fina flor...
a morte

o defunto

as palavras

as mentiras

um falso sorriso

o grito

o pesadelo

tão doce

inválida insistência

a instância em falso

o tiro

albergue sem critério

o morto

o morto entre rosas

o morto de outrora

ele amou agora






"o vento carrega os resquícios de sua sombra
fragmentada em versos de plástico
olhos de cristal, lágrimas sem sabor...
hoje o vento o carrega..."

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

memórias de uma vida

um dia o seu traço fora belo,
em uma tarde o sorriso mostrou-se puro
(instante puto)

as palavras fizeram-se saudáveis
sinceras, mudas, caladas,
peças de uma ilusão inversa

a noite me contaram um conto
acordei em seus braços
- isisto no seu vazio

a luzes são sólidos
momento em chamas:
elas queimam o que sinto
a pele derrete-se como vela
lenta e pesarosamente
como se aos poucos desfalecesse

uma noite ouvira um conto
hoje ele apenas o lê sentado, silencioso
como que a espera de vê-lo surgir
- ...como se fosse primeira primavera -

as páginas são frágeis,
traços de um momento
ele apenas as vê...

sente-se dentro, como se fizesse parte
chora lentamente ao descobrir...
DESCOBRE
(mas não te pode contar)

a luzes são fracas
seu corpo insano enfraquece
sente um vazio que corrói invade alucina
não sinte o corpo em si
como se dominado por um vazio em si
ou a simples falta de si...

o sangue inexistente gela,
a carne enregela
(o gélido ácido se esparrama
como que saboreando suas agruras
dilacerando cada sentido que um dia demonstrou)

será que ele ainda está por aqui?


"sente pontadas alucinadas, seu corpo cai, treme,
não se sente, as vozes gritam, confessam-lhe,
não consegue, insuportável, transtorno...
a voz lhe falta, o ar não se faz,
o pulso estanca...NÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO












...memórias de uma vida

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

o sabor
o risco
o gosto
o peito
o corpo
o leito
o pleito
o jeito
o beijo
o gesto
o berço
o colo
o rosto

você...