domingo, 28 de dezembro de 2008

Portas vazias

A porta se abre
o tiro adentra

o risco que fica
noite passada

as balas perdidas
os beijos retidos

desejo inconsciente
gozo inconsequente

entre os suburbios do jardim
colho as flores olvidadas
(amor sem pétalas)

as portas que não se abrem
a porta do vazio que se segue...





noite fria...

sábado, 27 de dezembro de 2008

Estou

o tiro que vem do estômago vazio
as palvras que usurparam meu trono vazio
as mentiras que disse sem saliva
os potros cozidos para a meia noite sem ceia
- mesa vazia

as partes que se desfazem
o duo em grito colérico
resultado imprópio
motim a mim mesmo

será que fomos feitos:
de argila e cinzas
de lágrimas e peitos ocos
mentira e desavenças?

nos mostrem o caminho que uma vez eu vi
o caminho que uma vez eu senti meus pés trilharem
onde estão as tardes que nunca mais vivi

disturbio consciente da verdade inconsequente
esboço colérico
de um plágio sem ti

não sou, estou...

gritos no silêncio

as mudas do silêncio me perseguem no vazio altuado pelo teu calar
espero por tuas palavras - me deparo com o louco vazio da espera iludida
o sons são etéreos, as palavras meras reticências de um velho dicionário
o espaço que se cria entre teus lábios ausentes (conscientemente)
e as ranhuras perdidas no pulso friamente dilacerado - cortes de um passado morto


"por favor que me cortem as asas feridas,
a dor é grande, as lágrimas são várias/áridas,
o sangue que não tenho me deixa... por favor não me deixe morrer,
POR FAVOR NÃO NOS DEIXE MORRER"

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Noite de rosas

alva em seu salto
domina o espaço ao redor
eterniza seu esplendor
enlouquece seu inocente apreciador



suas faces dominam o espaço calado
sem palavra ou comando
faço-me ao seu encanto


esguia,
cativa os estreitos labirintos
criados entre o delírio do extase
e o medo eufórico ocupado entre a cama e a porta


imagem intensa
que abocanha maliciosamente minha vontade
entre a doce louca escolha do delírio e a inocência



o roce macio...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

o desfiladeiro entre os estorvos cinzentos de uma noite
o recado inusitado ao despertar
as lembranças acessas no roçar do espaço vazio ao meu lado
o tempo que fugiu de meu relógio
as cartas guardadas sob a poeira do silêncio
as flores secas entre as páginas marcadas
as noites guardas em futuro eterno/distante
os sinos badalam a última dança
solitária, inocente, ingênua: entregue
sem tremores, apenas a última lágrima de vida
os últimos esforços de um sorriso morto
os olhos desbotados na escuridão



"pequeno desfiladeiro de prazeres..."

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Pequenas agruras

o grito afogado nas mágoas
o beijo calejado inundado no silêncio

a vontade de estar só
esquecer a existência de tudo ao meu redor
- um momento para mim

sinto o flagelo
o frio
a ausência

onde está o calor que um dia senti ao tocar teu rosto
onde estão as flores que um colhi em teu sorriso?

onde estão?

onde estão?

onde estás...


os soluços perdem-se no vazio de teu abraço ausente
as lágrimas caem frias como a chama apagada

"rosas sem pétalas enfeitam meu canteiro..."


agruras de uma fina flor...
a morte

o defunto

as palavras

as mentiras

um falso sorriso

o grito

o pesadelo

tão doce

inválida insistência

a instância em falso

o tiro

albergue sem critério

o morto

o morto entre rosas

o morto de outrora

ele amou agora






"o vento carrega os resquícios de sua sombra
fragmentada em versos de plástico
olhos de cristal, lágrimas sem sabor...
hoje o vento o carrega..."

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

memórias de uma vida

um dia o seu traço fora belo,
em uma tarde o sorriso mostrou-se puro
(instante puto)

as palavras fizeram-se saudáveis
sinceras, mudas, caladas,
peças de uma ilusão inversa

a noite me contaram um conto
acordei em seus braços
- isisto no seu vazio

a luzes são sólidos
momento em chamas:
elas queimam o que sinto
a pele derrete-se como vela
lenta e pesarosamente
como se aos poucos desfalecesse

uma noite ouvira um conto
hoje ele apenas o lê sentado, silencioso
como que a espera de vê-lo surgir
- ...como se fosse primeira primavera -

as páginas são frágeis,
traços de um momento
ele apenas as vê...

sente-se dentro, como se fizesse parte
chora lentamente ao descobrir...
DESCOBRE
(mas não te pode contar)

a luzes são fracas
seu corpo insano enfraquece
sente um vazio que corrói invade alucina
não sinte o corpo em si
como se dominado por um vazio em si
ou a simples falta de si...

o sangue inexistente gela,
a carne enregela
(o gélido ácido se esparrama
como que saboreando suas agruras
dilacerando cada sentido que um dia demonstrou)

será que ele ainda está por aqui?


"sente pontadas alucinadas, seu corpo cai, treme,
não se sente, as vozes gritam, confessam-lhe,
não consegue, insuportável, transtorno...
a voz lhe falta, o ar não se faz,
o pulso estanca...NÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO












...memórias de uma vida

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

o sabor
o risco
o gosto
o peito
o corpo
o leito
o pleito
o jeito
o beijo
o gesto
o berço
o colo
o rosto

você...

sábado, 29 de novembro de 2008

as palavras por vezes se fazem apenas um permeio de confessar as agruras que um dia
não fui capaz de dizer com olhos de borboleta
ao pé de uma flor...

encontro hoje meu sereno despertar
aconselho meus alicerces a não desesperar
digo ao meu corpo o afago que não encontro
as loucuras que não me explicam

gostaria de ter nascido ontem
para poder te ver como se fosse primeira primavera
gostaria de ter nascido ontem
para poder te abraçar tão puro como a primeira lágrima
gostaria de ter nascido ontem
para poder dizer sem formular
gostaria de ter nascido ontem
para poder olhar sem doer

enfim, o tempo não senta a minha espera
as flores não esperam pelo jardineiro
a chuva não espera por minha seca
os caminhos não esperam pelos meus passos

sei que sou em quem faz meu estio
meu sustento meu invento

corro então por entre os pilares que construí
deslizo por entre as portas que fechei
desdobro os trilhos que guardei

seu sorriso me dá vontade
seu abraço calor
o colo desejo insano de continuar e correr
por entre as valas que plantei

cobrir os buracos que cavei
cortar os amargos arbustos que criei

deixar de ser o não ser
fazer do incerto, rascunho
do duvidoso, história
do vazio, outrora

meus passos um dia transeuntes
hoje constantes
meu governo um dia rebelado
no instante guiado

a rosa que me faz querer
o que um dia neguei a mim mesmo
o que um dia promulguei e adiei
o que um dia ignorei a mim
e a mais ninguém
o que um dia soneguei

a rosa que me faz
a rosa que me encanta
faço da rosa meu peito
descubro o pulso e lhe ofereço

apenas quero dizer-lhe

te amo...



vento...

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

o corpo queima
a carne pede
o sangue fervilha
seu beija excita
os olhos reviram
os sons se desfazem
as palavras grunhem
a noite se compõe
a mescla se faz
o toque seduz
sei jeito traduz

- noite em veludo seu corpo minha alma....








a noite se desfaz...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

sua dor fora farta
gritara em silêncio
as palavras que não tivera/deram tempo de responder

as dúvidas surgem
alheias cretinas
quem condenar?
a verdade mal vestida...
a inocência que de tão ingênua parece mentira...
quem condenar?

o silêncio corroi o que não se vê
as palavras são ácidas
algomeram-se
sem a opção de dissolvê-las aos seus ouvidos

o terror enobrece a alma que não existe
estarrece a que deseja
enlouquece a que ama

o medo a toma
leva
desespera

até quando...

as vezes...
as vezes...
as vezes...

as vezes brincadeiras soam como verdades
as vezes estamos mais vulneráveis que de costume
ás vezes encontrámos-nos mais sussetíveis ao medo
ás vezes choramos as lágrimas que não se vem

as vezes...
as varizes
as avessas
as tesas
as mesas
as tetas
as retas
as metas
as setas
as velas
as gemas
as algemas
as lágrimas

paixão...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

[seu corpo fora quente]

abracei cada audácia em sua carne
redobrei em carícias seus cuidados

[seu corpo fora quente]

trafeguei por seu corpo
seu cheiro é doce

[seu corpo fora quente]

a noite não deitara
o sono fora eterno

[seu corpo fora quente]

seus olhos queimavam
eu me entregava

[seu corpo fora quente]

penetrei em busca de seus mistérios
sua forma fêmea sem adultério

[seu corpo fora quente]

no calor de seus lábios em veludo
enrregelei-me de pleno ardor

[seu corpo fora quente]

era doce... era doce... era doce...
embebido em inocente torpor

[seu corpo fora quente]

o tempo congelado
as horas passavam

[seu corpo fora quente]

[seu corpo fora quente]

[seu corpo fora quente]

[seu corpo fora quente]

[seu corpo fora quente]

meu corpo está frio...

ESTOU...

por favor
alguém que me escute
(não se ouvem vozes)

estou inerte, meu braço inerte
alguém que me escute
(não se ouvem passos)

estou inerte
meu braço inerte

quem está neste vazio?
seu corpo está esguio
(não sinto o frio que me corre)

onde estão as vozes que não escuto?
estou inerte
regaço inerte

por favor seu peito é doce
minha noite adormece
desejo a carne que me cobre

por quê não me escutam...
se fossem pardais em ventania,
mas não, são muito menos,
por quê, então, não me escutam,
por quê não escutam...

as árvores estão frouxas
estou inerte
meu peito inerte
(por favor, eu peço)

a noite está só
apenas me escutem
seu peito é doce

por quê me deixam tão só
apenas quero um beijo
porquê me deixas só
(suas vozes não se houvem)

será o vento passado
que range em minhas janelas
perscruta meus lençois
ou que simplesmente não me ouve?
(seus passos inexistentes são frágeis)

estou inerte
abraço inerte
colapso inerente incoerente inconsolável incontestável inocente
inerte
colapso
inerte
estou inerte
lucidez inerte
eu não estou

onde caminho?
estou inerte

domingo, 31 de agosto de 2008

espero deitado as nuvens que ainda virão
a tormenta que ainda virá
a noite que ainda virará
as lágrimas que ainda cairão
a música que ainda tocará
o corpo que ainda deitará
as preces que ainda dirá
o beijo que ainda querá
o abraço que ainda ficará
o tempo que não mudará
a saudade que deixará
espero deitado o pesadelo que ainda virá
os sonhos que dormirão
o leito que tremerá
o dia que morrerá
o balaustre que rondará
a casa que ruirá
espero deitado na esperança muda e surda
no desejo louco e intransigente
de que o futuro não passe de um vasto pesadelo
que de meu futuro se faça apenas meu presente agora...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

...doces lágrimas/palavras.

Decidira: procuraria de novo esse rancor, meu EGO em flor. Penetraria novamente na dor desse ardor, sem o qual eu já não sabia mais transcrever minhas angustias belas doces tristes amargas; doiam-me os dedos! preferia assim, esfolar novamente meu coração, a terminar em silêncio minhas páginas ardentes, calor em sucessão. Descobria assim: amava este estado *flor em deplorável agonia*. Era ele que preenchia minhas brancas linhas, traçava histórias, contava minha carne em seu desvelado jeito... fria, crua, monstro que deMONSTRO. Tentara novamente...
Com tão misteriosa beleza a via. Era nova, esguia, misteriosamente bela... Observava seus trejeitos, linhas, traços, esboços. Desenhava seu jeito em palavras mudas. Ouvia seu hábil ser, em palavras impressas, na imensidão das telas em branco... rasuras minhas em transição... Ao mesmo tempo que a via distante, procurava seu segredo. Já não dormitava só [enleios que me envolvem]...

Era frágil estúpida covarde... Sou inútil em conserva. Assim naveguei por noites em desespero. Silenciava seus olhos. Afogava seu peito. Enforcava suas carícias jamais proferidas. Entregava-lhe o beijo de mentira...
Denunciavam-me como detentor de sua ruina. Aquelas palavras por muito tempo iriam arranhar meus ouvidos, doer meus passos, calar meu peito. Deixara de denunciar em total palavra meu verdadeiro sentir. Camuflava em páginas em cristal meu pulso - apaixonado... *???- sentia um latejar diferente. Em momentos diferentes. Via então um novo rosto. Não compreendi o porque, também não saberia dizer se era bom ou ruim, se gostava ou odiava; sei somente que o via.

Qual cego em tiroteio bailava em silêncio. Não denunciava mais meu peito.Escondia meus olhos. Desviava com meu jeito; um medo invadia meu pensar, seguido por absurdo pesar... não conhecia aquele estranho enleio.
Encontreia [verdade que tão calculadamente, a ponto de não me fazer perceber]. Fui inocente. Sincero. Deixei-me envolver. Gostava, 'não evitava'. Contudo, 'evitava', não podia: enfrentaria o oráculo. Em pequenos e breves traços do dia eu a via. Procurei por sua mente, sua linguagem, por seu trabalho... Inventei histórias, procurava motivos, dançava devaneios, escrevia linhas, ou simplesmente precisava caminhar... Nada mais era do que para voltar a sentir esse estranho pulsar em meu peito, que dominava meu pensar, meu ser...

Encontrei-me então a rabiscar palavras sem receio. Decidira-me, confessaria sem temer, mas no entanto, sem mostrar. Era óbvio, como também dúbio. Medo de cair em poço findo: prefiro descer em brumas a estatelar meu peito em sólido nevoeiro. Na verdade, não decidira nada: quando dei por mim eu já estava em últimas estrofes. *podia-se dizer que apaixonado; pelo quê? como? não me pergunte... Também não sabia, mas não questionava, gostava, queria...
Sim, eu passei a procurar...

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segunda-feira, 4 de agosto de 2008

...pastava em seus trejeitos/rejeitos. Sabia o gosto amargo daquele rosto, contudo viva na perfídia de quem perde e ainda joga. Meu ego gritava por clemência - fazia que não ouvia, mesmo sabendo-lhe detentor da razão. Fora fraco, rastejara: qual verme inútil. Sim, eu havia bradado, a isca havia sido solta, e pelas suas goelas tagarelas, meu manifesto confesso fora exposto. Percebi pelo rosto da aurora seguinte, haviam de lancar-me olhares extranhos, por vezes inoportunos; sabiam, já não havia mais segredo, medo... já não havia mais nada. Vira seus olhos, encontrara o vazio que por tanto perseguira. Ria-me então de minha própria loucura: nadara em águas secas. O vazio que prosseguiu era-me no entanto deveras extranho. Desacostumara meu peito a viver em alívio, asfixiava por agonia, dor, mentira. Procura a melancolia que outrora chorara, e que nesse momento me faltava. Era novo, não gostava. Já não sabia viver em brumas limpas, buscava o rancor da procura.
Encontrei-a então, tão simples, inocente... sim, esse fora eu, não ela... Aliviava-me no entanto; não sabia bem o porquê, nem o como, mas era bom, na verdade, eu ainda não sabia... Procurava seus caminhos, sem ao menos perceber, declarava derradeiro destino, sem ao menos recitar... na verdade, confessava-lhe meu pântano adornado em...

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domingo, 3 de agosto de 2008

Convidei-a em minha ausência. Sentia rapidamente o torpor dominar meu corpo, trair meu casto desejo. Dominado por palavras, imagens, afagos estranhos mas calorosos [as cordas pareciam se disolver]. Prosseguia inconscientemente abobalhado. Beijava o asfalto passado, saboreava as mágoas perdidas. Contava os segredos aos fantamas de meus pulsos. Era um, sou vários, dor em aquário. Olvidei no entanto essa flor. Hibernei meu ardor. Procurei então o rasgo que sabiamente me arrastava, e estupidamente eu delineava, moldava, sondava. Eram mentiras supérfluas, ego na triste transição, vida em transmutação do ser. Não procurava, desejava, coletava, rasgava, mordia, ronronava, resmungava, chorava, ODIAVA: EGO NA TRISTE TRANSIÇÃO.
Sabia qual meu prosseguir, sabia qual meu doer, sabia qual meu sucumbir, sabia... Bradei então aos otários, confessei ao estúpidos, sabia contudo o reflexo de meu rascunho. Ecoava pelas salas, cobria as noites, maldizia as verdades.
Contava a elas o segredo: ...

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sábado, 2 de agosto de 2008

Continuei sem sentido; acabara por promulgar inocentes palavras, perdidas no vazio da solidão. Lastimava a ânsia que incontrolável despertara. Rabiscava novos passados, desenhava outros olhos. Meu ego suicida acanhava-se com a sua vista, recolhia meus braços, perguntava sem ao menos lhe dizer; ela não escutava, afinal, eram palavras mudas que languidamente parecem cristalizar-se no olhar passado. Desistira. Não se via fim, muito menos começo. Não havia trilha, não sentia nada, apenas o vazio dos campos em algodão. Os quais pastava saboreando a amargura de minhas mãos vazias... Passei a dormitar na relva de meus sonhos. Escutava somente o piar das vacas, o grito das formigas, o mugido dos pássaros, o brilho das estrelas, o estouro da minha ausência. Cavava minha cova, em constante alegria/loucura, era o destino de meu lacrimejado ser... Chorei os prazeres que não viriam, sobrevivia sem ao menos pestanejar a procura de meu leito. Atravessei os rios que desnudavam meu peito, os quais por esse mesmo motivo eu evitava observar/absorver. Saltava sem transparecer. Por fim, em noite de névoas, beijos lembrados, abraços sentidos, frio em triste torpor, eu destinei a noite àquele sorriso que outrora conhecera, talvez tivera; destinei sem saber bem o porque, muito menos para quê.
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Assim transcorreu essa noite em meu recosto de pedras partidas, mas que no entanto me davam a impressão de estarem simplesmente feridas. A noite fora muda.


Por trechos o seu silêncio seguiu, no entanto, eu não calei, prossegui... Fora aflito, estava morbido...

Acordara no dia próspero, até que...


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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Alguns arriscam dizer que estamos fadados ao destino, outros, que somos nos que fazemos nosso próprio destino. Confesso-vos no entanto, que a cada aurora que contemplo acredito mais e mais que não fui fadado, nem que também fi-lo mas que o fizeram por mim. Vejo que meus passos não eram tão sem propósito, ou melhor, a estrada que vinha pela frente, não era em vão, muito menos aleatória. Pode-se pensar até que era docemente posta à minha passagem para que inocente e dócil eu trilhasse.
Quem o faria? Não sei ao certo. Poderia responsabilizar entidades, criar deuses, acusar visões... Prefiro deixá-la quieta, sem correr o risco de "acusá-la" de tão belo propósito, ou ao menos é isto que me parece, como também sinto.
As marcas a tempo haviam sido deixadas, os olhares uma vez contemplados, obviamente ficaram marcados, pelos sulcos na bruma da alma. Descubro que aquelas noites não haviam sido em vão, como também já estava "alegremente fadado" ao sono de seu beijo. Confesso no entanto: agradeço a falta dos hipócritas, ao miado dos asnos, ao grito dos patetas, idiota em sacro. O resquício que mantenho, no entanto, não é em vão... Talvez inútl, mas não vão. Guardo o casto canino a estrépida jugular de um covarde. E pior, traspassa a noite de meus olhos, flecha em feltro... Em chuva hei de devolver.
Mas prossigo nos rastros que vou deixando, sabem que não cairá, sabem que não cairía, eu não sabia. O próposito perdido, na moldura de um luar.
Arrependia-me vagamente, pelo silêncio auscultado em meu sorriso. A carícia perfídia, a qual, por vezes sonhei ter retirado... Sono vão... Perdido no vazio das palavras... Olvidado nas areias do destino...
em prómixo instante prossigo....
...
...
...
...
...

domingo, 6 de julho de 2008

silêncio

escorrem de meus olhos
os beijos respeitados
a noite retida...

colho o grito não dito
a loucura restrita

perambulo o sonho outrora
rasgo as margens de meu suspiro...

sono transcrito...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Trecho do diário de um nada autêntico suicida


Rasgo as tranças noturnas no abraço desgraçado que um dia condenou a morte.
Beijo benevolente o teu escarro moldado na pútrida esperança de algum viver.
Te conto o segredo gangreno inoportuno em alguma vida-morte externa.
Gargalhadas ao som de teus berros grasnados qual dama condena na torre suprema.
Invejo contento este fim que não tomo mas condeno ao teu destino augusto.
Prossigo invisto no destino ausente do teu porto te roubo os pilares, cais no véu incólume da inocência perdida ingênua procissão chamada vida.

Enforco com os mantos da penumbra as flores estocadas na futura presença de meu corpo ordinário, com qual sugo os resquícios que te sobram no vento desta infâmia.
Desinfeto esta subordinação ordinária exposta nos caminhos do meu transcorrer mútuo.
Vomito os segredos aclamados na solidão pública da valacomum, na merda transcrita.

Explico os motivos infestos do silêncio da repudia consciente na obra cortada.
Peço-vos, não te assusteis por estas dissonâncias divinas com o que alguém um dia clamou ante a desgraça e nomeou como vida.

domingo, 15 de junho de 2008

DANÇO NA ESPASMO ALVORADA DO MEU RISO
SUFOCO A ânsia NO ÂMAGO DA VIDA
RESPIRO MEUS ENLEIOS DISPERSOS
...
... VIVO ETERNO
...
... DISPONHO MEU BEIJO ALTERNO
DEMONSTRO MEU RISONHO ESCARRO
GRITO AOS CÉUS: OTÁRIOS

SORRIO NA EMBRIAGUEZ DA VIDA CONTIDA NA ALMA DITA
NO ESPÍRITO PROMULGADO E NO ENCANTO: ENRAIZADO

BEIJO SOFREGO O PEITO DA ALMA DISPERSA
CONTO A ZEUS AS PROEZAS DE MEU PEITO
INVEJOSO HÉRACLES
SAUDOSO HADES

COM CARONTE VIAJO ESTE MUNDO ALTERNO AO PÉ DE TEU OUVIDO
ONDE SOPRO QUAL VENTO MEU MUNDO SINCERO
MEU PULSO MUDO
MEU CONTENTO ALEGRO
MEU SORRISO DIURNO NA ALVA DO DIA SOTURNO...

escuto manhoso o grito da saudade em meu peito sofrido, minhas feridas sanadas ao teu toque
vindouro, porém, ali esperam elas para nova cura, nova carícia, novo colo saudoso, a cada
instante sois nova a meu espasmo, a cada minuto de meus segundos o anseio de verte como
no desejo da primeira vez, o desejo de conhecerte novamente, de apaixonar-me a cada
palavra dia hora sopro...
sois nova, como rosa que floresce a cada alvorada do dia em meu encato sigilo...
sois, eres, SEJAMOS... GRITO MEU PEITO ALEGRO...

O RESTO...

VENTO...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

não sei como copiar mais nada
teus traços fogem aos meus dedos em trejeitos únicos de cigana
tua música carrego sem saber a fantasia ou realidade
sob o luar dos teus olhos meu encanto entrego

necessito apenas sentir a doce presença
reaver no escuro dos meus sonhos um olhar
guardar do passado teu beijo
e do momento... acariciar minha paixão distante com saudades

já não sei mais como dizer...
o único que me falta... direi... com meu pulso a latejar minha alma... ao pé do teu ouvido...

quinta-feira, 1 de maio de 2008

JÁ NÃO CONSOLO MEU PEITO COM PROMESSAS
SONHO NO MOMENTO DO DESTINO
APRONTO MEU CORAÇÃO A VIAGEM ETERNA
NA ESTRADA SEM TRILHA
PEÇO A TI UMA VELA
PARA QUEM SABE EU TER ALGUMA LUZ
NÃO PROCURO MAIS A AGONIA
NEM CORRO POR UM SORRISO
APENAS QUERO DESVENDAR ESTES MISTÉRIOS
DE ALGO CHAMADO VIDA
INFLO MEUS OLHOS COM PALAVRAS, PORÉM JÁ NÃO AS SUPORTO
NEM ME ALIMENTO DESTAS NA FOME DO MEU PEITO
CORRIDA SEM MÉRITO,
DENÚNCIA DE UM CORPO ESTÉRIL NAS FACETAS DO TEU BEIJO
PROCLAMO ESTE AFAGO NUM ABRAÇO MUDO
DEMONSTRO MINHA POLIDEZ ALTERNA AO PÉ DOS TEUS OLHOS
PEÇO UMA DOSE DESTE SORRISO CONTENTE
UMA DOSE SAUDOSA DOS TEMPOS DEITADOS EM JUNTOS
COLADOS EM ROSAS PLATÔNICAS
DESPEÇO-ME SEM RODEIOS NEM SUBALTERNOS
APENAS DIGO: ........................................(ah se eu pudesse dizer, mas as lágrimas falam mais alto)

domingo, 27 de abril de 2008

sejam bem-vindo ao paraíso

seja bem-vindo
sinta-se em casa
se deus abre, quem seria eu para negar entrada?
bom deixo-os aqui
a espreita
de um novo beijo.