sábado, 29 de novembro de 2008

as palavras por vezes se fazem apenas um permeio de confessar as agruras que um dia
não fui capaz de dizer com olhos de borboleta
ao pé de uma flor...

encontro hoje meu sereno despertar
aconselho meus alicerces a não desesperar
digo ao meu corpo o afago que não encontro
as loucuras que não me explicam

gostaria de ter nascido ontem
para poder te ver como se fosse primeira primavera
gostaria de ter nascido ontem
para poder te abraçar tão puro como a primeira lágrima
gostaria de ter nascido ontem
para poder dizer sem formular
gostaria de ter nascido ontem
para poder olhar sem doer

enfim, o tempo não senta a minha espera
as flores não esperam pelo jardineiro
a chuva não espera por minha seca
os caminhos não esperam pelos meus passos

sei que sou em quem faz meu estio
meu sustento meu invento

corro então por entre os pilares que construí
deslizo por entre as portas que fechei
desdobro os trilhos que guardei

seu sorriso me dá vontade
seu abraço calor
o colo desejo insano de continuar e correr
por entre as valas que plantei

cobrir os buracos que cavei
cortar os amargos arbustos que criei

deixar de ser o não ser
fazer do incerto, rascunho
do duvidoso, história
do vazio, outrora

meus passos um dia transeuntes
hoje constantes
meu governo um dia rebelado
no instante guiado

a rosa que me faz querer
o que um dia neguei a mim mesmo
o que um dia promulguei e adiei
o que um dia ignorei a mim
e a mais ninguém
o que um dia soneguei

a rosa que me faz
a rosa que me encanta
faço da rosa meu peito
descubro o pulso e lhe ofereço

apenas quero dizer-lhe

te amo...



vento...